Desde de 2009, Marcia desenvolve acões a favor das crianças e dos adolescentes ( Foto: Arquivo Pessoal)

Márcia: “Acredito que quando você tem uma missão, Deus vai conduzindo os caminhos e vamos trilhando aquilo que está no coração de Deus”

Mulher negra, nordestina, batalhadora, que nasceu e foi criada nas periferias de Fortaleza e Manaus. Graduada em Serviços Sociais, Márcia teve desde muito cedo que lutar para vencer todas as dificuldades.

“Tenho uma lembrança do meu pai olhando demoradamente minha aprovação na universidade pública em um tempo que isso era privilégio de poucos. Eu mesmo demorei a acreditar. No dia da matrícula fiquei com medo de chegar no local e ser informada que foi um engano, mas era verdade. Eu realmente estava em uma universidade pública.”  

Na faculdade, começou a estagiar em uma organização que trabalhava com crianças vítimas de violência sexual e a partir daí Marcia descobriu sua missão.

“Sou Assistente Social e especialista no enfrentamento à violência doméstica contra criança e adolescentes, sempre militei nesta área, acredito que quando você tem uma missão, Deus vai conduzindo os caminhos e vamos trilhando aquilo que está no coração de Deus”. 

Depois de formada, Márcia começou a trabalhar em uma organização cujo o foco eram famílias vulneráveis, e lá foi premiada com uma especialização sobre enfrentamento à violência na Universidade de São Paulo, o que confirmaria o seu chamado pela causa

Iniciou suas atividades na Visão Mundial em 2009 como coordenadora de programas de área e sempre trabalhando no enfrentamento a violências de crianças, adolescentes, jovens e mulheres. Em 2009, Márcia coordenou o projeto Mercado do Futuro pela Visão Mundial, e nesta experiência, foi convidada a apresentar o projeto no Canadá.

“Trabalhar com proteção à infância não é fácil porque vivemos em uma sociedade adultocêntrica, onde as crianças são invisibilizadas e suas vozes silenciadas, porém, acredito na força da coletividade, nunca trabalho sozinha. Através do trabalho coletivo estamos conseguindo expandir as comissões de proteção para todo o país, então, apesar do tema delicado, não estamos sós e temos a proteção divina, que nos ajudará a cumprir nossa missão de proteção à infância”. 

Hoje, Márcia atua como assessora programática e ponto focal de salvaguarda. Pouco a pouco, Márcia foi aumentando o seu envolvimento com as causas infantis e se diz grata por ter participado de projetos em prol da educação. “Havia jovens que não tinham recursos e estavam longes da escola. Agora estão formados em curso superior e empregados em grandes empresas”, conta.

Ao longo dessa caminhada, um sonho sempre esteve presente: escrever um livro sobre as trajetórias das meninas negras e periféricas que conheceu, com uma linguagem totalmente voltada para as crianças, trazendo uma visibilidade para essas jovens e uma mensagem de esperança e persistência.

“Uma mensagem que deixaria é para as mulheres negras: Ter garra e esperança nos permite exercer a luta contra o racismo estrutural sem romantizar todas as dificuldades e guerras que isso significa, a luta continua”. 

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